quarta-feira, 7 de abril de 2010

Odete


Odete é muito bem realizado, planificado e muito bem interpretado, mas Pedro Rodrigues cai numa experimentalidade quase surrealista. Rodrigues transpôs para o filme um imaginário forte, que provocará repúdio a muitos, e fascinará quem se revir na sua capacidade de afirmação da atracção pelo abjecto e pela crueza das relações.

Trailer:



Ficha técnica:

Titulo Original: Odete
Realizador: João Pedro Rodrigues
Ano: 2005
Duração: 101 min.
Género: Drama
País: Portugal
Áudio: Português
Cor: Cores

Elenco:

Ana Cristina de Oliveira (Odete)
Nuno Gil (Rui)
João Carreira (Pedro)
Teresa Madruga (Teresa)
Carloto Cotta (Alberto)

Sinopse:
Pedro e Rui namoram há um ano. Uma noite, Pedro tem um acidente de viação e acaba por morrer nos braços de Rui. Noutra parte da cidade, Odete trabalha num hipermercado. Sonha ter um filho de Alberto, segurança do hipermercado, mas quando insiste em engravidar Alberto foge. Odete mal conhecia Pedro, um vizinho do andar de cima, mas a tristeza do abandono de Alberto fá-la chorar a sua morte. O fantasma de Pedro chama-a...

Um comentário:

  1. Muito francamente parece-me que, embora se possa considerar a realização do filme globalmente razoável, o grande problema deste é que não parece, em momento algum, ter verdadeiramente algo específico, concreto, reconhecivelmente pessoal, a dizer-nos: um ponto de vista, uma perspectiva, o que que quer que seja.
    Daqui resulta, a meu ver, que o filme de João Pedro Rodrigues nunca ultrapassa o plano da singularidade e do pitoresco---o que consituir, afinal, o pior e o menos justo dos juízos.
    É um dos grandes problemas do cinema português contemporâneo: a despercepção do que é um filme.
    O filme como objecto integrante, orgânico: uma história, uma perspectiva particular e específica sobre ela, um modo de traduzi-la em imagens.
    Mas tudo isto tem de interagir contínua e realmente: amontoar imagens, por muito bonitas que sejam fora de uma ideia qualquer a significá-las estruturalmente, não é fazer cinema: é solfejo plástico, é fazer "redacções" com imagens ["A vaca dá-nos a carne, a pele, etc.] mas não é fazer cinema.
    Trata-se de um equívoco muito comum e, perfeitamente explicável numa sociedade que não foi capaz de gerar uma indústria e com ela um conceito estável de Cinema.
    Não de telenovela num único episódio: Cinema MESMO.

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