quarta-feira, 14 de abril de 2010

Valete - Anti-Herói


Em 1997 iniciou a sua actividade musical e com Adamastor formou o Canal 115 e mais tarde a Horizontal Records. Nesse mesmo ano e ainda com 16 anos começou a ser convidado para as mix-tapes lançadas por Djs como Bomberjack e Cruzfader. Actuou com Canal 115 durante 2 anos em vários concertos pelo país, até que fez um interregno para se dedicar mais aos estudos, tendo-se mais tarde licenciado em Ciências da Comunicação. Em 2002 regressou com o álbum "Educação Visual", lançado de forma independente para poder gerir e conduzir o álbum à sua maneira, rejeitando assim a submissão à vontade das editoras que com ele se manifestaram interessadas em colaborar. Valete, que antes deste álbum era mais conhecido como um freestyle e battle mc, pôde mostrar em "Educação Visual" uma linha de rap de cariz social que muitos não lhe reconheciam. O rap de Valete manifesta-se essencialmente contra as correntes neo-liberais, mostrando um claro cariz político de extrema-esquerda. Na música Anti-Herói define-se como um "Trotskista belicista" (faixa do album "Serviço Público").



Letra:

Los que le cierran el camino a la revolución pacífica,
le abren al mismo tiempo el camino a la revolución violenta


Só se pode fazer isto uma vez

Eu cresci trancado num quarto com livros de Marx e Prepetela
Alimentado por parágrafos de Nélson Mandela
Foi esta a fonte do ódio que agora já não escondo
Este é o som que eu inalei na voz de Zeca Afonso

Ninguém me separa deste Guevara que eu tenho em mim
E podes ver na minha cara a raiva de Lenine
Eu choro este sangue que devora o espírito
E choca os mais sensíveis, e torna-me um monstro como Estaline

Valete aka Ciclone Underground, nigga
O filho bastardo da vossa opressão, nigga
Eu tenho nos meus olhos a cor da insurreição, nigga
Sou como Malcom-x com o microfone na mão (tshk hun)

Eu desenterro vítimas de genocídio capitalista
E levo mais comigo para a rebelião
Eu sou o primeiro a marchar para esta revolução
Tu és o primeiro a bazar na hora da intervenção

Eu vim para ressuscitar Lumumba, Ghandi e Arafat
E os nossos homens de combate através desta canção
Pai, eu tatuei no meu peito a tua imagem
Para respirar através dela a tua batalha e a tua coragem

Hoje eu trago nos meus braços a tua alma e a tua mensagem
E as escumalhas não sabem que jamais irão levar vantagem
Nós vestimos a farda de Xanana
E levamos drama do terceiro mundo à casa branca

Chillamos com a mesma gana de tropas em Havana
E com a resistência suburbana dessa convicção cubana
Toma esta ira psicopata deste filho de Zapata
Activismo de vanguarda é o registo de som

Eu trago a obstinação com que Luther King abalou
E a mesma solução todo o meu people sonhou
Eu sou aquele mundo novo que Amália cantou
Esboço desse sofrimento todo meu povo guardou

(Refrão)
Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
E serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
Este é o som da revolução que em breve chegará
Eu sou anti-herói, que nunca se renderá
Eu sou um dos filhos deste mundo que a luta inspirou
No mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
Esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
Eu sou o anti-herói que o povo aclamará

Enquanto eu me enveneno com este rancor
Vou pondo balas no carregador para abater esses opressores
Esta é a missão dos peronistas, concebi na hora
Com a determinação que herdei da minha progenitora

Ninguém pára a frente armada que eu comando agora
Combate a escória na alvorada como fez Samora
Eu trago nesta oratória a história dos filhos que viram a morte inglória dos pais
Enquanto anseiam a desforra

Na Palestina, no Cambodja, Vietname, Angola
No Iraque, Na Somália, Afeganistão e Bósnia
Esse é o grito desse mundo que chora e implora
Pela justiça dos homens porque já viram que Deus não acorda

Vítimas de quem fez de todo o mundo seu património
A hipocrisia assassina do FMI e da ONU
É o povo anónimo cobaia de liberalismo económico
Que sai das amarras eufórico para combater o demónio

Eu sou aquele que vocês chamaram de fundamentalista
Quando eu disse que era um trotskista belicista
Posicionei-me assim contra a América imperialista
Aqui está o vosso kamikaze terrorista

Farto de vos ver sentados, manipulados
Por uma televisão que vos deixa impávidos e formatados
Asnáticos inconformados, fechados e enganados
Otarios e atrasados, inválidos e atordoados

Nós estamos do lado contrário nesta jornada cheia de gente angustiada
Traumatizada por um passado onde foram pisadas, martirizadas
Apedrejadas, excluídas, extorquidas, extropriadas
Despidas por uma brigada

[Desarmada de parasitas devastaram arrasaram vidas
E agora vão pagar com a descarga desta entifada
Criada pelos homens que vocês fagelaram.
E sobraram com garra para vingar aqueles que não vingaram

(Refrão)
Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
E serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
Este é o som da revolução que em breve chegará
Eu sou anti-herói, que nunca se renderá
Eu sou um dos filhos deste mundo que a luta inspirou
No mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
Esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
Eu sou o anti-herói que o povo aclamará

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